Amigas e amigos,
num momento difícil como este, esta carta leva a ponderar e concluir: somos dessa estirpe, desse grupo que quer ver outras pessoas no topo e por isso não nos importamos de estar na base: a educação.
O texto abaixo é a carta que os reitores da Metodista de Minas escreveram em homenagem a Kássio, professor assassinado por um aluno, na semana que passou. Tenho a certeza de que cada voluntário ou voluntária do Projeto Sombra e Água Fresca sabe que trabalha arduamente contra essas manifestações no futuro de nossas crianças e adolescentes. Que Deus nos ilumine.
SER PROFESSOR, SER PROFESSORA
O que leva um rapaz ou moça a escolher a carreira de professor? Certamente a ambição de ser rico, de ter uma vida de luxo, de abastança, não é? Não!, não é isto que move o desejo de ser professor ou professora.
Ser professor ou professora é acreditar na humanidade, é gostar das pessoas, é querer vê-las crescendo, amadurecendo, evoluindo, convivendo para o pleno exercício da vida social, da cidadania.
Ser professora ou professor é a alegria de compartilhar o conhecimento, de discutir com seus alunos os valores da existência, do preparo para a vida, de ver brotar sentimentos de justiça, de solidariedade, de fraternidade, de companheirismo, de amizade.
Ser professor ou professora é, muitas vezes, completar os laços da família, é ser paizão ou mãezona dos alunos, quando alguns se desencorajam, fraquejam com as lutas da vida e as dificuldades de se buscar um espaço digno de trabalho na sociedade, ou mesmo ser disciplinador em momentos de manifesta imaturidade.
Ser professora ou professor é estar na frente de luta pela consciência da realidade social, no esforço de ajudar as pessoas a se formar, a se construir, e que, coletivamente, contribuam para uma sociedade melhor.
Kássio Vinícius Castro Gomes, em pleno exercício de seu ministério social — mochila nas costas, um montão de provas recém aplicadas, a conferir o seu próprio trabalho — é atingido pela faceta mais sombria que oprime o ser humano e sua humanidade: o ódio, a intolerância, o menosprezo da convivência pacífica, o desrespeito à vida, ceifando de nosso convívio um soldado da cidadania.
Perdemos nosso querido colega, mas este ato violento não nos ceifará a consciência da dignidade, da cidadania engajada, da nossa crença nos valores mais sublimes da humanidade. Continuamos no nosso mister, de uma comunidade que aprende a aprender, que crê na inclusão de todas as pessoas no processo de vida comunitária em que prevaleçam a justiça, a solidariedade e a fraternidade.
É nisto que cremos e por isso continuamos nossa luta...
Belo Horizonte, 08.12.10
Davi Ferreira Barros Márcio de Moraes
Reitor Diretor Geral
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